O Idiota que Sabia Demais
Por Alex Sandro Alves para o Blog O Escritor Dislexo
Havia um homem que caminhava pelas ruas com o olhar perdido, o passo lento e o silêncio como companheiro. Para a sociedade, ele era apenas mais um idiota — alguém sem títulos, sem diplomas, sem o brilho que os papéis oficiais conferem. Era alvo de risos, desprezo e olhares que o reduziam a nada.
Mas por trás daquela aparência desajeitada, escondia-se um autodidata voraz. Lia tudo o que encontrava, absorvia o mundo como quem bebe água de uma fonte inesgotável. Conhecia histórias, filosofias, ciências e mistérios que muitos acadêmicos jamais ousaram explorar. Seu saber não vinha de salas de aula, mas da curiosidade insaciável e da coragem de pensar por si mesmo.
Chamavam-no de idiota porque não entendiam que o conhecimento não se mede por títulos, mas pela profundidade da alma. Ele sabia demais — sabia tanto que descobriu uma verdade incômoda: a ignorância, muitas vezes, é uma bênção.
Observava os rostos felizes dos que nada questionavam, dos que viviam sem se preocupar com o peso das respostas. Percebia que aqueles que não buscavam entender o mundo carregavam uma leveza que ele jamais teria. O idiota que sabia demais compreendeu que o excesso de saber é também uma prisão, um fardo que afasta da simplicidade da vida.
E assim, sua saga não foi a de conquistar reconhecimento, mas a de aceitar sua condição. Ele entendeu que ser chamado de idiota era, paradoxalmente, sua liberdade. Pois enquanto os outros riam dele, ele ria do mundo — consciente de que a felicidade talvez não esteja em saber tudo, mas em não precisar saber nada.
Fim
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