“Curitiba Sob a Névoa” — Um conto de Enzo Eduardo

“Curitiba Sob a Névoa” — Um conto de Enzo Eduardo
Meu nome é Enzo Eduardo. Tenho 17 anos, sou curitibano de nascença e, se tem uma coisa que me fascina mais do que o frio da nossa cidade, são as lendas que ela esconde. Enquanto meus amigos jogam bola ou maratonam séries, eu passo horas mergulhado em relatos antigos, arquivos esquecidos e conversas com velhos moradores. Curitiba é mais do que pinhão e parques — ela é um baú de mistérios.

Tudo começou numa noite de junho, quando a neblina parecia mais espessa do que o normal. Eu estava voltando da biblioteca pública, onde tinha encontrado um livro raro: “Assombrações do Sul: Relatos Curitibanos”. Folheando suas páginas, descobri três lendas que, segundo o autor, só se revelam a quem realmente ama a cidade. Eu decidi investigar.

🕯️ A Dama do Largo da Ordem


Dizem que, nas madrugadas de lua cheia, uma mulher vestida de branco caminha pelo Largo da Ordem, chorando baixinho. Alguns dizem que ela foi abandonada no altar da Igreja da Ordem, outros que perdeu seu filho durante a Revolta Federalista. Eu fui até lá, às 2h da manhã, com meu celular em mãos e o coração acelerado. Não vi ninguém, mas o sino da igreja tocou sozinho. E eu juro que senti um perfume de jasmim no ar.

🚋 O Fantasma do Bondinho da XV


O bondinho da Rua XV de Novembro é hoje um ponto turístico, mas poucos sabem que ele carrega uma história sombria. Segundo o livro, um condutor morreu ali em 1910, vítima de um acidente elétrico. Desde então, há relatos de luzes piscando e sons de passos dentro do bondinho — mesmo quando está vazio. Eu entrei lá numa tarde chuvosa, e a porta se fechou sozinha atrás de mim. Uma voz rouca sussurrou: “Última parada…”

🌲 O Guardião do Bosque do Alemão


Esse foi o mais assustador. O bosque, famoso por sua trilha de João e Maria, guarda um segredo: um espírito chamado “Der Wächter” — o Guardião. Ele protege o bosque de quem entra com más intenções. Dizem que ele aparece como uma sombra entre as árvores, com olhos vermelhos e uma capa escura. Eu fui com minha amiga Luísa, que não acreditava em nada. Quando chegamos à Casa Encantada, ela começou a tremer. “Tem alguém atrás de mim”, disse. Mas não havia ninguém. Só o som de galhos quebrando… e um sussurro em alemão.

Desde aquela noite, eu nunca mais fui o mesmo. Curitiba continua linda, fria e acolhedora — mas agora, para mim, ela também é viva. E cheia de segredos.

Se você ama essa cidade como eu, cuidado ao andar sozinho pelas ruas antigas. Algumas histórias não querem ser esquecidas.

FIM

Epílogo :

Mais uma viagem a trabalho na capital, e num quarto de hotel, minha mente criou mais um conto para o Blog O Escritor Dislexo.

Alex Sandro Alves 

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