🐑 Brunízia: A República das Verdades Invertidas
Era uma vez, no coração de um continente esquecido pelos mapas e pela decência, um país chamado Brunízia. Lá, a bandeira tremulava com orgulho — não pelas cores, mas pelas manchas. Manchas de mentira, corrupção e bajulação. Em Brunízia, a verdade era considerada uma doença contagiosa, e a honestidade, um crime de alta traição.
🎭 O Povo das Máscaras
Os brunizianos eram mestres da dissimulação. Desde pequenos, aprendiam que mentir era uma virtude e que roubar era sinal de esperteza. A escola ensinava que ética era uma invenção dos fracos e que caráter só atrapalhava na hora de subir na vida. Quem ousasse dizer a verdade em público era imediatamente diagnosticado com “veritite aguda” e internado num centro de reeducação — onde aprendia a sorrir enquanto era apunhalado.
🏛️ O Estado dos Contrários
O governo de Brunízia era composto por ministros que se autointitulavam “Guardiões da Desordem”. O Ministro da Justiça era também o Chefe da Injustiça, acumulando os papéis de promotor, juiz e carrasco. A Constituição era um livro decorativo, usado como apoio para copos de vinho em reuniões de conspiração.
As leis eram aplicadas com rigor — mas apenas contra quem ousasse ser diferente. A “Ovelha Rebelde de cor diferente da rebanho”, como chamavam qualquer cidadão dessa terra do contrário que pensasse por conta própria, era caçada com entusiasmo. O Estado promovia cerimônias públicas de punição, onde os bajuladores aplaudiam enquanto os dissidentes eram humilhados. Era uma festa cívica, com pipoca e transmissão ao vivo.
🐍 A Arte da Bajulação
Em Brunízia, bajular era mais que um hábito — era uma profissão. Havia concursos nacionais de bajulação, onde os participantes competiam para ver quem elogiava melhor os sapatos do presidente ou quem chorava mais ao ouvir seu discurso vazio. Os vencedores ganhavam cargos públicos e direito a roubar sem limites por um ano inteiro.
🌈 A Cor Proibida
A diversidade era considerada uma ameaça. Todos deviam vestir a mesma cor, pensar o mesmo pensamento e rir da mesma piada. Quem ousasse usar uma roupa diferente ou questionar o senso comum era acusado de “subversão cromática” e enviado para as “Fazendas das Conformidades”, onde eram adestrados e aprendiam a ser cinza por dentro e por fora.
📜 Epílogo: A Revolta dos Sinceros
Dizem que um dia, uma criança nasceu sem a capacidade de mentir. Ela cresceu sendo punida, ridicularizada e isolada. Mas sua sinceridade era tão contagiante que, aos poucos, outros começaram a se lembrar do que era ser verdadeiro. E assim, a República das Verdades Invertidas começou a tremer — não por medo da força, mas pelo poder da autenticidade.
Mas isso... é só uma lenda. Porque em Brunízia, lendas são perigosas. Elas fazem o povo pensar. E pensar, como sabemos, é o maior dos crimes.
FIM
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