Sob o domínio da estupidez
Por Alex Sandro Alves – Blog O Escritor Dislexo
Numa era em que nunca tivemos tanto acesso à informação, por que ainda somos reféns da estupidez? A resposta pode não estar nos dados, mas sim nas decisões — e, mais importante, nos padrões invisíveis que regem nossas escolhas diárias.
O filósofo italiano Carlo Cipolla definiu a estupidez como aquela força humana subestimada que, sem intenção consciente de prejudicar, causa danos aos outros e a si mesmo. Segundo ele, os estúpidos são mais perigosos que os mal-intencionados. A sua obra "As Leis Fundamentais da Estupidez Humana" virou leitura essencial para quem busca entender por que o mundo parece, muitas vezes, agir contra sua própria lógica.
Mas a estupidez contemporânea se modernizou. Ela agora vem fantasiada de certezas absolutas, viraliza em vídeos de 15 segundos, e se esconde sob os rótulos de autenticidade e opinião pessoal. Está nos comentários que viralizam pela grosseria, nas escolhas que ignoram evidências, e no desdém pela escuta ativa.
Sob esse domínio, tornamo-nos consumidores passivos de ideias prontas, presas fáceis para o viés de confirmação. Em vez de buscarmos o aprendizado, reforçamos convicções. Em vez de refletirmos, reagimos. É o império da reação rápida sobre a reflexão profunda.
Contudo, resistir é possível. E necessário.
A contraofensiva começa pela humildade intelectual: reconhecer que podemos estar errados. Passa também pela curiosidade genuína, aquela que nos leva a fazer perguntas difíceis em vez de repetir respostas fáceis. É preciso fomentar o hábito da metacognição — pensar sobre o próprio pensamento — para sairmos do piloto automático mental.
Sob o domínio da estupidez, a lucidez é um ato de coragem. Mas todo ato corajoso começa com uma simples decisão: não aceitar o óbvio sem antes pensar sobre ele.
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