O Intelectual e o Pombo


O Intelectual e o Pombo

Havia um intelectual conhecido por sua teimosia refinada. Orgulhava-se de sua lógica impecável e acreditava que qualquer criatura, dotada de asas ou não, poderia ser convencida pela razão.  

Um dia, decidiu provar sua superioridade jogando xadrez contra um pombo. Preparou o tabuleiro com solenidade: peças alinhadas como soldados, estratégia pronta como um tratado de guerra.  

O pombo, porém, não se impressionou. Bicou uma torre, derrubou um bispo, espalhou peões pelo chão e, satisfeito, deixou sua marca no tabuleiro. O intelectual, indignado, recolocava as peças, explicava as regras, citava filósofos e até desenhava diagramas. O pombo, por sua vez, apenas batia asas, virava a cabeça e continuava sua coreografia caótica.  

No fim, o intelectual estava exausto, coberto de argumentos e de migalhas, enquanto o pombo, vitorioso, caminhava com a altivez de quem não precisa entender nada para ganhar.  

Moral escondida
Quem tenta jogar xadrez com pombos descobre que não há vitória possível: eles não seguem regras, não se importam com lógica e, no final, ainda saem voando como se fossem campeões.  

Assim, aprendeu-se que certas batalhas não se vencem com raciocínio, porque não são batalhas de razão, mas de insistência. E quem insiste em dar pérolas aos porcos ou argumentos aos idiotas, acaba derrotado não pela falta de inteligência, mas pelo excesso de teimosia.  

Fim 

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