🌪️ Os Resolutores e os Complicadores
Numa vila escondida entre montanhas e nevoeiros, viviam dois tipos de pessoas: os Resolutores e os Complicadores.
Os Resolutores eram calmos, pacientes e engenhosos. Quando algo quebrava — uma ponte, uma amizade, uma promessa — eles se reuniam com ferramentas, ideias e empatia. Consertavam tudo com sabedoria e silêncio. A vila prosperava graças a eles.
Mas os Complicadores… ah, esses tinham um talento peculiar. Sempre que viam algo funcionando bem, sentiam uma coceira na mente. “E se mudássemos só um pouquinho?” diziam. E assim, mexiam no que estava quieto, questionavam o que estava claro, e criavam problemas onde antes havia paz.
Um dia, os Resolutores decidiram construir um relógio gigante no centro da vila, que marcaria não só as horas, mas também os momentos de alegria, de escuta e de descanso. Era uma obra-prima.
Os Complicadores, curiosos, subiram até o topo e trocaram os ponteiros por espelhos. “Agora todos verão a si mesmos ao olhar o tempo!” disseram, orgulhosos. Mas ninguém mais sabia que horas eram. As festas começaram tarde, os encontros se desencontraram, e até os sonhos perderam o ritmo.
Os Resolutores, exaustos, tentaram consertar o relógio. Mas toda vez que o ajustavam, os Complicadores vinham com uma nova ideia brilhante — um sino que tocava aleatoriamente, engrenagens que giravam ao contrário, ou um ponteiro que apontava para o futuro incerto.
Foi então que uma criança, nem Resolutora nem Complicadora, subiu no relógio e disse: “E se cada um cuidasse do tempo que carrega dentro de si?”
A vila parou. Os Resolutores sorriram. Os Complicadores ficaram em silêncio. E pela primeira vez, todos começaram a ouvir o próprio ritmo.
Desde então, os problemas ainda surgem — mas agora, antes de serem resolvidos ou complicados, são escutados.
FIM
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