🌑 O Pior Cego É Aquele Que Se Nega a Ouvir a Verdade
Na cidade de Pedra Clara, havia um homem chamado Silvério. Era respeitado, bem-sucedido, dono de uma pequena rede de mercados. Sempre sorridente, era visto como exemplo de trabalho e prosperidade. Mas por trás da fachada, Silvério escondia segredos que poucos ousavam encarar.
Ele comprava produtos de origem duvidosa, explorava funcionários com jornadas exaustivas e mantinha acordos escusos com políticos locais. Tudo isso era conhecido por alguns, mas raramente comentado. Quem tentava alertar, era silenciado com frases como:
"Não se mexe em vespeiro."
"Melhor garantir o emprego do que arrumar confusão."
Entre os funcionários, havia uma jovem chamada Clara. Inteligente, íntegra, e com um senso de justiça afiado. Ela descobriu documentos que provavam fraudes fiscais e condições ilegais de trabalho. Tentou conversar com colegas, mas foi recebida com medo e indiferença.
— "Clara, não vale a pena. Ele ajuda nossas famílias. Se você denunciar, todos nós perdemos."
— "Você quer ser justa, mas justiça não enche a barriga."
Clara ficou dividida. Sabia que o certo era denunciar, mas também sabia que enfrentaria represálias. Procurou apoio na comunidade, mas ouviu apenas silêncio. A verdade era incômoda demais. Era mais fácil fingir que tudo estava bem.
Um dia, Silvério foi homenageado pela prefeitura como "Empresário do Ano". Clara assistiu à cerimônia com o estômago revirado. Aplaudido por todos, ele sorria como se fosse um herói. E ali, ela entendeu:
O pior cego não é aquele que não vê, mas aquele que se recusa a ouvir a verdade.
A cidade escolhia o conforto da mentira. O medo de perder o pouco que tinham os tornava cúmplices do que sabiam ser errado. Ética e moral eram luxos que poucos ousavam carregar.
Clara decidiu agir. Denunciou anonimamente, reuniu provas, e aos poucos, a verdade veio à tona. Silvério caiu. Muitos perderam o emprego, mas outros começaram a reconstruir com dignidade. A cidade aprendeu, com dor, que a verdade pode ser difícil — mas é o único caminho para a justiça.
FIM
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