O mascote de Poe


🕯️ O Corvo de Poe  

Numa noite de névoa espessa e vento uivante, Edgar Allan Poe caminhava pelos corredores sombrios de sua velha casa em Baltimore. A madeira rangia sob seus passos, e o silêncio era quebrado apenas pelo bater ritmado de asas contra a janela.  

Era Corvus, seu fiel mascote — um corvo de penas negras como a meia-noite e olhos que pareciam guardar segredos do além. Poe o encontrara anos antes, empoleirado sobre uma lápide esquecida, e desde então, tornaram-se inseparáveis.  

Corvus não era um corvo comum. Ele falava. Não com palavras humanas, mas com murmúrios que Poe compreendia como versos. À noite, enquanto o escritor mergulhava em seus contos de horror e melancolia, Corvus pousava sobre sua escrivaninha e recitava fragmentos de sonhos perdidos, inspirando histórias que pareciam brotar do próprio abismo.  

Certa madrugada, Poe acordou com um sussurro:  
— Nunca mais...  

O corvo estava parado diante da lareira apagada, encarando o vazio. Poe seguiu seu olhar e viu, por um breve instante, o reflexo de uma mulher de branco — Lenore.  

Desde então, Corvus passou a silenciar. Poe escrevia com mais fervor, como se tentasse decifrar o último aviso de seu companheiro. E quando, anos depois, o escritor partiu deste mundo, dizem que Corvus voou para o alto da torre da igreja e nunca mais foi visto.  

Mas às vezes, nas noites de tempestade, moradores juram ouvir um bater de asas e um sussurro vindo do alto:  
— Nunca mais...  

FIM

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