🎣 O Paradoxo do Antagonismo
Conto ambientado no Rio Ivaí, Paraná
Era feriado em Ivaiporã, pois era o dia do Padroeiro da cidade, e como de costume, Alex, Ataliba e Walmir se encontraram às margens do Rio Ivaí para a tradicional pescaria. O céu estava limpo, o rio corria sereno, e o cheiro de mato molhado misturava-se ao aroma do café que Ataliba preparava na beira da barraca.
Alex (jogando a linha na água):
— Vocês já repararam como a gente sempre discute política, religião e futebol, mas nunca briga de verdade?
Walmir (rindo):
— Isso é porque a gente se respeita, mesmo discordando. É o que falta no mundo hoje.
Ataliba (mexendo no café):
— Isso aí é o tal do paradoxo do antagonismo. Já ouviram falar?
Alex:
— Paradoxo do quê?
Ataliba:
— Do antagonismo. É quando duas forças opostas se enfrentam, mas acabam se fortalecendo mutuamente. Tipo yin e yang. Sem oposição, não há evolução.
Walmir:
— Parece papo de filósofo. Dá um exemplo aí.
Ataliba:
— Tá bom. Pensa na Guerra Fria. Estados Unidos e União Soviética viviam se ameaçando, mas foi essa rivalidade que acelerou a corrida espacial. Sem o antagonismo, talvez o homem só pisasse na Lua em 2000.
Alex:
— Verdade. E olha o tanto de tecnologia que surgiu por causa disso. Satélite, GPS, até o micro-ondas!
Walmir:
— Mas também teve coisa ruim. Espionagem, medo de guerra nuclear...
Ataliba:
— Claro. O paradoxo é esse: o antagonismo gera progresso, mas também tensão. Outro exemplo: Martin Luther King e Malcolm X. Um pregava paz, o outro confronto. Mas juntos, mesmo discordando, empurraram os EUA rumo aos direitos civis.
Alex:
— E hoje? Tem algum exemplo atual?
Walmir:
— Redes sociais. Todo mundo brigando, cancelando, discutindo. Mas também é onde surgem movimentos sociais, denúncias, debates que antes ficavam escondidos.
Ataliba:
— Exato. O antagonismo digital é caótico, mas também democrático. Dá voz pra quem nunca teve.
Alex (olhando o rio):
— Então o segredo não é evitar o conflito, mas saber lidar com ele.
Walmir:
— Isso. O problema não é discordar, é desumanizar o outro.
Ataliba (servindo café):
— E aqui, entre nós, o antagonismo é saudável. Você torce pro Palmeiras, eu pro Coritiba, e o Walmir nem liga pra futebol. Mas a gente pesca junto, ri junto, e aprende junto.
Alex (pegando um peixe):
— Falando em aprender... olha o tamanho desse peixe! Parece que ele também gosta de filosofia!
Todos riram, e o silêncio do rio voltou a dominar. Mas ali, entre varas de pesca e goles de café, o paradoxo do antagonismo deixava de ser teoria e virava prática — uma convivência onde o conflito não separa, mas aproxima.
FIM
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