O Serial Killer do Primeiro Domingo do mês



Alguns dizem que o acontecimento ocorreu em Maringá, outros em Sarandi, ambas as cidades negam o ocorrido e afirmam que se ocorreram foi na cidade vizinha.

Em todo caso, seja qual fosse o local do mistério, segundo as fontes, a localidade onde ocorreram os eventos a seguir, era considerada um cidade pacata para alguns e excessivamente perigosa para outros, onde aos domingos as rotinas das pessoas se resumiam a visitas as feirinhas locais, cultos religiosos, idas ao shopping, locais para ouvir música  ou simplesmente se alimentar. Era também o dia onde as famílias ficavam  reunidas para churrascos no quintal. 

Exceto o primeiro domingo do mês. Nesse dia, a cidade se transformava. A cada novo mês, surgia um corpo que o IML dava como causa da morte iniciada por intoxicação por formaldeído seguido por asficcia evidenciados pelos hematomas no pescoço das vítimas. 

Sempre alguém diferente, sempre alguém aparentemente sem conexão com os anteriores. A imprensa  batizou a série de acontecimentos que se repetiam mês a mês de "O Serial Killer do Primeiro Domingo do Mês", mas entre os moradores, ele era apenas “O castigo que vem com o calendário”.

Os eventos se iniciaram nos meses finais de 2024. Primeiro como um caso isolado, corriqueiro é comum, afinal o mundo estava cada vez mais irracional, intolerante e sobretudo violento... Mas mês a mês começou a se desenrolar um curioso padrão...

Cronologia do mistério: 

🎯 Novembro 2024 — A Voz Silenciada  
Vítima: Sandra Regina, radialista local.  
Local: Estúdio da rádio, microfone ainda ligado.  
Pista deixada: Cartão “1” e a frase: “Quem fala sem pensar, convida o fim.”

🎯 Dezembro 2024 — O Natal do Medo  
Vítima: Luiz Fernando, Papai Noel do shopping.  
Local: Vestiário dos funcionários.  
Pista: Cartão “2” e a frase: “Presentes escondem ausências.”

🎯 Janeiro 2025 — Verão Interrompido  
Vítima: Thaís Oliveira, salva-vidas.  
Local: Piscina municipal, cadeirinha de observação.  
Pista: Cartão “3” e a frase: “Nem todo mergulho é para emergir.”

🎯 Fevereiro 2025 — Carnaval sem Confete  
Vítima: Diego Lopes, percussionista de grupo de samba.  
Local: Garragem de ensaio do grupo.  
Pista: Cartão “4” e a frase: "O ritmo do coração nem sempre acompanha o desfile.”

🎯 Março 2025 — O Último Diagnóstico  
Vítima: Dra. Elenice, médica de clínica popular.  
Local: Consultório, prontuário aberto.  
Pista: Cartão “5” e a frase: “Não há cura para o que não se vê.”

🎯 Abril 2025 — Silêncio Escolar  
Vítima: Professor Hugo, de história.  
Local: Sala dos professores.  
Pista: Cartão  “6” e a frase : “As lições esquecidas cobram seu preço.”

🎯 Maio 2025 — A Flor Que Murchou  
Vítima: Vanda, florista do mercado municipal.  
Local: Entre as gérberas e crisântemos.  
Pista: Cartão “7” e a frase: “A beleza não protege da colheita.”

🎯 Junho 2025 — A Missa Nunca Terminada  
Vítima: Padre Albino.  
Local: Sacristia da Igreja Matriz.  
Pista: Cartão “8” e a frase: “A fé é escudo, não armadura.”

🎯 Julho 2025 — O Táxi da Morte  
Vítima: Benedito Salles.  
Local: Praça central.  
Pista: Cartão  “9” e a frase: “Julho traz o silêncio que não fala.”

🎯 Agosto 2025 — O Correio Não Entregue  
Vítima: Adalberto, carteiro veterano.  
Local: Escadaria da Prefeitura.  
Pista: Cartão “10” e a frase: “Palavras em trânsito carregam verdades pesadas.”

🎯 Setembro 2025 — Consulta Cancelada  
Vítima: Marília Souza, psicóloga.  
Local: Consultório particular.  
Pista: Cartão  “11” e a frase: “Ouvir é absorver. Absorver é sangrar.”

🎯 Outubro 2025 — A Assitencia não realizada  
Vítima: Sabrina Campos, Assistente Social.  
Local: portão da entrada de sua casa.  
Pista: Cartão“12” deixado na porta com a frase: “Quem escuta com atenção demais, carrega os pecados dos outros.”

A Espera do Delegado:

O delegado da cidade, prestes a se aposentar e na expectativa de fechar seu ciclo com a solução de um grande caso, Antônio Marcondes, Tonhão Marreta,  apelido entre os que foram um dia interrogados por ele, era o único que ainda tentava conectar os pontos. Seus métodos eram clássicos e alguns colegas o julgavam até antiquados, sim — um quadro de cortiça, linha vermelha, recortes de jornais — mas sua mente ainda era afiada como uma lâmina. Aos 64 anos, ele se tornara uma figura solitária e obcecada, sempre atento à virada do calendário.

🗓️ Primeiro Domingo de Novembro de 2025:  

Foi encontrado o corpo de Benedito Salles, taxista, dentro do próprio carro, estacionado em frente à praça central. Não havia sinais de luta, mas um detalhe chamou atenção: um cartão com o número "13" e uma frase escrita à mão: "Novembro traz o silêncio que não fala."

🔍 A Conexão entre todos os assassinatos?  

Antônio percebeu algo: cada vítima trabalhava em profissões ligadas ao atendimento ao público... Todos com algo em comum — a escuta constante dos problemas alheios. O assassino parecia querer silenciar quem ouvia demais, além do método repetitivo do uso de formaldeído para imobilizar as vítimas, seguido de um mata leão levando as vítimas a morte por asficcia. Todos foram atendidos pelo mesmo profissional do IML, que era parente de uma das vitimas.

🧩 A Reviravolta:  

Na segunda quinzena de novembro, o delegado recebeu um envelope sem remetente. Dentro, havia uma lista com nomes de todas as vitimas, todos riscados — exceto o dele. 

Em pânico, Antônio convocou uma reunião com a sociedade e jornalistas, algo que nunca fizera antes. Nessa reunião, uma mulher se destacou: Maria Eduarda, psicóloga recém-chegada à cidade. Com voz tranquila e olhar observador, ela sugeriu algo que ninguém havia cogitado — “E se o assassino for alguém que quer salvar a cidade do fardo emocional que os ouvintes carregam?”

😨 Final Inesperado:  

No primeiro domingo de dezembro, não houve assassinato. Mas no segundo, Maria Eduarda desapareceu. Um cartão foi deixado em sua porta: “Quem escuta com atenção demais, carrega os pecados dos outros.”

Varias dezenas de dias se passaram e Antônio ainda espera todos os meses a possibilidade de ser o último integrante da lista ou o reinício de um novo ciclo de assassinatos. 

Seu quadro de cortiça agora tem mais cartões do que recortes. E a cidade, em silêncio, conta os domingos — torcendo para que o próximo não seja o primeiro de uma nova sucessão de assassinatos sem solução.

FIM

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