As Coisas Que Ataliba Não Fez


🧠 “As Coisas Que Ataliba Não Fez”

O filósofo Ataliba vivia nos últimos anos de sua existente no século 21 numa chácara perto de uma cidadezinha cercada por montanhas e girassóis, onde o tempo parecia escorrer devagar pelas frestas dos dias. Já idoso, escrevia cartas para ninguém e posts nas redes sociais que poucos tinham tempo de ler, afinal gostava de escrever e num gostava de fazer videos curtos e elaborados feitos por IA —não porque esperava resposta, mas porque tentava conversar com o tempo.

Numa tarde de céu cor de café com leite, Ataliba escreveu:


> “É curioso. Os anos passam e percebo que o maior dos arrependimentos não vem do que fiz, mas daquilo que deixei de fazer. Mark Twain disse certa vez: ‘Dentro de vinte anos, você estará mais desapontado pelas coisas que não fez do que pelas que fez.’ Não poderia estar mais certo.”

Ele lembrava também de frases de outros pensadores. Sócrates dizia que “uma vida não examinada não merece ser vivida”; Nietzsche provocava: “e se um dia pudéssemos voltar e viver tudo de novo? Você faria igual?”

Ataliba não faria igual. Ele devia ter amado mais, como cantam os Titãs em um dos versos mais pungentes do rock brasileiro:  
🎶 "Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer..."

Mas não viu. Preferiu o silêncio das bibliotecas ao barulho do coração.

Um dia, seus netos mostraram-lhe uma música do Jota Quest. O verso ecoou como flecha certeira em sua alma:  
🎶 "O medo, eu não te escuto mais..."

E, pela primeira vez em décadas, Ataliba vestiu uma camisa laranja, pegou sua bicicleta enferrujada e foi pedalar rumo ao mirante da cidade. Disse para si mesmo que ouviria menos os gritos do receio e mais o sussurro da coragem.

Ao final daquele dia, ele escreveu sua última carta:

> “Hoje, eu fiz algo. Algo que devia ter feito há quarenta anos. E descobri que arrependimento também pode ser curado pelo movimento. Talvez não haja idade para amar mais, para tentar de novo, para ouvir menos o medo.”

FIM 

Autor Alex Sandro Alves para o Blog o Escritor Dislexo 

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