Esta é história de uma família típica do centro do Paraná: o
marido Ademir sua esposa Nathacha, sua filha mais velha
Maria Eduarda que aparentava ter 11 anos e o caçula Enzo
com cerca de 6 anos, tinham como a maioria das famílias, animais de
estimação.
Tinham
uma cachorrinha chamada Magú, e mais 3 gatos, uma fêmea da
raça siames a Belinha, um gato mestiço de persa que deram o
nome de Tender e a última aquisição da família um gatinho
mestiço mas com traços de gato persa que foi abandonado por muitas
outras famílias e encontrado no lixo pela irmã mais velha de Ademir,
que se chamava Thalya, ofereceu para adoção ao irmão o
lindo filhote. Quem adota 2 gatos pode adotar mais um, pensou Ademir
um homem desemblante sério e intimidador, mas dotado de
um coração muito bom.
Então aquele filhote fofo como a maioria dos
filhotes de pets são, virou o mascote caçula daquela família, pela
sua cor negra e olhos lindos e penetrantes, Nathacha o batizou com o
nome de Salém.
Todos
os animais da casa tinham sua personalidade própria, Magú
era doce e carinhosa de dia sempre em busca de carinhos e cafunés, a
noite embora pequena, era uma ótima guardiã da casa.
Belinha a
gata siames só fazia suas necessidades fisiológicas fora da casa, e
mesmo a noite com todas as portas fechadas, miava perto da porta para
que qualquer membro da família abrisse a porta para ela ir fazer
xixi ou coco no jardim ou terreno da casa onde todos moravam, as
vezes quando era xixi faziam no ralo do banheiro.
Tender um
dos gatos macho da família também de temperamento agradável que Nathacha chamava carinhosamente de meu "denguinho" e era o seu preferido e o gato também a tratava assim, fazia
todas suas necessidades fora da casa e como todo gato raiz enterrava
seus cocos…
Mas
como toda regra tem sua exceção, Salém, o último a entrar na vida
daquela família, era diferente… Profecias ou coincidências a
parte, pois muitos acreditam na energia e poder do nome, era um
bichano no mínimo muito diferente, outros diriam até perturbado…
Nem parecia que era um gato, mas um porco. Fazia xixi e coco em todo
local da casa, e quando eu disse todo, é todo lugar mesmo… O que
gerava muito descontentamento para toda família.
O
Reinado Caótico de Salém
Quando a família adotou um
gato preto que o batizaram de
Salém, por causa de uma série de TV:
Sabrina a Aprendiz de Feiticeira, imaginavam que ele seria um companheiro carinhoso,
misterioso e elegante. O que receberam foi um monarca peludo que
parecia ter feito um pacto com as forças do caos.
No
primeiro dia, todos se reuniram para conhecê-lo. Salém encarou cada
um com
desprezo silencioso, pulou na pilha de roupas recém-passadas
e... bom, marcou território como só ele sabia.
— Mãe!
O Salém mijou na minha calça nova!
— Deve ter sido acidente,
filha.
Salém, do alto da estante: “Acidente... foi me confiarem a vocês.”
Desde então, nada era sagrado. Sofás,
tapetes, a cama da sogra... tudo virava banheiro
VIP. Era como se ele
desafiasse a lógica da higiene com cada respingo de rebeldia.
—
Mas por que ele não usa a caixa de areia?! — gritava o pai,
enquanto limpava o teclado do
computador.
— Talvez ela não
esteja no
Feng Shui dele — dizia a mãe, já aceitando a
derrota.
A tia
Carmem, crente fervorosa, espalhou
crucifixos pela casa, além de espalhar água benta e sal bento.
— Esse bicho tá amaldiçoado. Vai
acabar virando gente de madrugada.
Salém, lambendo a pata,
pensava: “Só se for pra assumir o emprego do seu
guia espiritual que pelo jeito, fez uma nova denominação que mistura rituais de igrejas diferentes e ganha muito dinheiro com ofertas e
dízimos... eu sem culpa e nenhum
remorsso ocuparia o lugar dele...”
A
gota d’água foi no dia do jantar com os vizinhos. Salém subiu na
mesa posta, encarou todos com um olhar digno de um vilão de
novela mexicana… e fez cocô dentro da travessa de arroz.
—
Pronto. Agora sim: arroz à la
inferno — disse o tio
Jorge,
tentando rir pra não chorar.
Mas tudo mudou numa noite de
lua cheia. Maria Eduarda, a filha mais velha, acordou e viu Salém no topo do
armário, sob um feixe de luz mística. Ele soltou um miado que mais
parecia o canto de uma
sereia entediada. Seus olhos brilharam, e...
no dia seguinte, o
milagre: ele começou a usar a caixa de areia.
Religiosamente.
Até hoje, ninguém entende o que
aconteceu. A família tem teorias:
— Acho que a alma
penada dele foi libertada — diz a avó.
— Foi chantagem.
Ele tava só esperando a TV nova chegar pra se vingar — rebate o
pai. Pois o Salém tinha além de feito e xixi na TV a empurrou da estante!
— Ele só está fingindo, esperando para fazer novas travessuras e atrocidades, disse
Walmir o
tio avô de Ademir que era meio envolvido com
esoterismo e terrenos de
macumba...
Mas Salém, agora mais contido (mas nunca
domesticado), observa a todos com o mesmo olhar debochado de antes.
Ele sabe que manda. E a família também.
#FIM#
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