Estava é uma obra de ficção, pois um evangelho do ateu seria por si só uma contradição e uma heresia para todos que sejam fanáticos e fechados a possibilidade de existência de um fictício livro sagrado dos que não acreditam na existência do Deus dogmático promovido pelas principais igrejas monoteístas existentes até o ano de 2025, e de todas as religiões derivadas das 3 principais do passado.
Este conto de ficção é apenas uma tentativa sintética de transformar a crença de negação social, política, filosófica e religiosa daqueles que tiveram a coragem de negar a ser membros do que a maioria acredita sem questionar ou tentar se por no lugar de quem prefere não acreditar que Deus existe como as religiões acreditam...
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Evangelho segundo o Ateísmo
Capítulo 1 – Da Origem sem Rosto
1. No princípio havia o silêncio, e dele emergiu o caos ordenado.
2. As estrelas nasceram sem testemunhas, e ainda assim arderam em glória.
3. Nenhum plano guiou o acaso, mas o acaso forjou mundos.
4. Da poeira surgiram oceanos, e dos oceanos, olhos que contemplam.
5. O universo não prometeu sentido — nós o buscamos mesmo assim.
6. Não ouvimos vozes do alto, mas o coração pulsa com perguntas.
7. A beleza não exige propósito; ela floresce por ser possível.
8. A moral não desce do céu — ela se ergue da empatia.
9. Sofremos, amamos, tememos e celebramos — humanos na vastidão.
10. A morte não revela portais, mas acende o valor de cada instante.
11. A dúvida é sagrada; com ela aprendemos a cair e levantar.
12. Os deuses se multiplicam nas histórias, mas nenhum precisa ser real.
13. E mesmo assim, a existência é assombrosamente suficiente.
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Capítulo 2 – Da Moral sem Céu
1. O bem não exige promessas de paraíso.
2. A empatia nasceu do encontro entre dois olhares.
3. Sofrer nos torna conscientes da dor alheia.
4. Quem sente, compreende; quem compreende, escolhe não ferir.
5. As leis mudam, mas a compaixão é constante.
6. Não é o medo do inferno que nos faz justos — é o desejo de justiça.
7. Ética é o fio invisível que costura convivências.
8. A vida em sociedade é pacto, não punição.
9. Olhar o outro e reconhecê-lo é o primeiro mandamento.
10. A bondade, quando gratuita, é divina sem ser divina.
11. A consciência é tribunal sem deuses.
12. Erramos — e ainda assim tentamos melhorar.
13. O moral é humano, e por isso é sagrado.
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Capítulo 3 – Da Ciência e do Sopro Estelar
1. A luz de uma estrela morta nos guia à verdade.
2. Os átomos do nosso corpo já foram poeira de supernovas.
3. O universo se lê como poema, mas se entende como fórmula.
4. A dúvida é mãe da descoberta.
5. Saber que a Terra gira não nos tira o chão — nos liberta.
6. A ciência não consola, mas revela.
7. Os telescópios são orações apontadas para o infinito.
8. Toda cura começou com uma pergunta.
9. A lógica é a lanterna dos que tateiam no desconhecido.
10. Saber não elimina o mistério — o aprofunda.
11. A razão é um farol e também um barco.
12. O conhecimento não salva almas — salva vidas.
13. E isso basta.
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Capítulo 4 – Do Amor Sem Promessas Eternas
1. Amar sem garantias é mais corajoso.
2. Não há votos cósmicos — apenas entregas diárias.
3. Dois corpos se tocam porque há calor, não mandamento.
4. Olhar alguém e vê-lo inteiro é milagre o bastante.
5. A fidelidade nasce da escolha, não do dogma.
6. Sentir é mais real que qualquer escritura.
7. O afeto resiste ao tempo quando é cultivado.
8. É no aqui e agora que o amor floresce.
9. O amor é efêmero — e isso o torna precioso.
10. Não há bênção mais nobre que o cuidado mútuo.
11. Ser amado sem condição não requer altar.
12. O toque sincero vale mais que mil promessas celestes.
13. O amor, sem céu, ainda nos eleva.
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Capítulo 5 – Do Sofrimento e da Grande Coragem
1. Sofrer é existir em sua forma mais crua.
2. Nenhuma promessa remove a dor — mas a torna suportável o olhar do outro.
3. A lágrima não pede autorização divina; ela apenas cai.
4. A dor não é punição — é sinal de que estamos vivos.
5. Quem sofre, compreende.
6. O consolo nasce de mãos humanas, não celestes.
7. Buscar sentido na dor é rebelar-se contra o vazio.
8. Não há glória no sofrimento, mas há dignidade.
9. A coragem não vem dos céus — vem do levantar-se no escuro.
10. Sofremos, mas também curamos.
11. A dor compartilha sua linguagem com o amor.
12. Sobreviver é um ato de resistência.
13. E viver, apesar de tudo, é resposta suficiente.
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Capítulo 6 – Da Liberdade sem Correntes Sagradas
1. Ninguém está nos observando — e isso é liberdade.
2. Escolher é carregar o peso do próprio destino.
3. A ausência de dogmas abre o caminho para mil trilhas.
4. A liberdade não garante alegria — mas permite buscá-la.
5. Somos autores de nossas quedas e ascensões.
6. A vontade é o templo do indivíduo.
7. Errar não é pecado — é parte da rota.
8. O livre arbítrio existe onde não há castigo eterno.
9. A culpa vem de dentro, não de escrituras.
10. Ser livre é assustador — e por isso é tão precioso.
11. A escolha é oração silenciosa à vida.
12. A autonomia é uma dádiva humana, não divina.
13. E isso nos torna terrivelmente belos.
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Capítulo 7 – Da Morte Sem Céu
1. A vida é um fio tênue que a morte sempre observa.
2. O fim não é punição — é conclusão.
3. O corpo se apaga, mas não nega o que viveu.
4. A memória é o paraíso dos que partiram.
5. Morrer sem céu é aprender a valorizar o agora.
6. A eternidade está em tudo que fizemos com amor.
7. Não tememos o nada — tememos o adeus.
8. O luto é o abraço que permanece.
9. A morte nos iguala, sem exceção.
10. Cada batida do coração é uma resistência ao fim.
11. O tempo não perdoa, mas nos dá instantes sagrados.
12. Morremos... mas enquanto alguém lembrar, continuamos.
13. O fim pode ser silêncio — e o silêncio é digno.
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Capítulo 8 – Do Cosmos e do Assombro
1. Olhamos para cima e sentimos algo maior que nós.
2. As galáxias não sabem que existimos — e isso é sublime.
3. Cada átomo já percorreu distâncias impensáveis.
4. O universo não se importa — e ainda assim nos abriga.
5. O assombro é o culto dos que não têm fé.
6. Ver um eclipse é mais que um fenômeno — é reverência.
7. O infinito não precisa de significado — basta seu mistério.
8. Somos poeira que pensa, imagina e ama.
9. O universo é um livro aberto que ninguém escreveu.
10. O silêncio do cosmos ecoa dentro de nós.
11. Não somos centro de nada — e isso nos libera.
12. O céu noturno é prece feita de luz morta.
13. E contemplá-lo é oração suficiente.
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Capítulo 9 – Da Memória e da Imortalidade Humana
1. O tempo apaga rostos, mas não gestos.
2. A memória é o altar invisível dos que vieram antes.
3. Cada lembrança é um renascimento em silêncio.
4. Contar histórias é ressuscitar por instantes.
5. O esquecido só morre de vez quando não é mais sentido.
6. A memória coletiva é a alma da humanidade.
7. Monumentos são promessas de que não esqueceremos.
8. As ideias sobrevivem mais que os corpos.
9. Amar alguém é guardá-lo em forma de lembrança.
10. A cultura é o eco daquilo que não queremos perder.
11. Não há céu mais poderoso que uma memória viva.
12. Somos feitos do que lembramos e do que decidimos não esquecer.
13. Na mente dos vivos, os mortos ainda respiram.
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Capítulo 10 – Do Legado sem Julgamento Final
1. Não haverá livros abertos no além — há páginas escritas no agora.
2. O legado não é julgamento — é consequência.
3. Plantamos sementes cujo fruto não veremos.
4. Ser lembrado com ternura é mais que salvação.
5. O bem que fazemos ecoa, mesmo em silêncio.
6. O mal que evitamos também é parte da herança.
7. A vida não exige que sejamos perfeitos — apenas presentes.
8. O mundo será tocado por nossas mãos, mesmo ausentes.
9. Tudo que criamos, ensinamos ou amamos continua.
10. Ninguém é eterno, mas todos são possíveis na memória dos outros.
11. O legado não depende de aplausos — mas de impacto.
12. O futuro nos julgará sem tribunal.
13. E isso basta para tentar ser melhor.
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Capítulo 11 – Do Absurdo e do Encanto
1. O universo não tem roteiro — e ainda assim tem beleza.
2. Viver sem sentido cósmico é criar um a cada dia.
3. O absurdo não anula a poesia — exige mais dela.
4. Rir no meio do caos é resistência.
5. Questionar tudo é sinal de presença.
6. Não saber é convite à criatividade.
7. A existência não precisa justificar-se para ser intensa.
8. O vazio só assusta quando não o preenchemos com algo nosso.
9. A beleza do absurdo é que ele nos pertence.
10. Somos griôs de um conto sem autor.
11. A incerteza é liberdade disfarçada.
12. Fazer sentido é tarefa humana.
13. E viver é o ato de narrar o inexplicável.
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Capítulo 12 – Do Sagrado Cotidiano
1. O pão compartilhado é sagrado sem milagre.
2. O abraço sincero tem mais poder que qualquer bênção.
3. A risada entre amigos é celebração profana da vida.
4. A arte é um altar onde todos podem rezar.
5. A música é uma prece que ninguém precisa traduzir.
6. O olhar de quem entende sem palavras é divino.
7. Cada gesto de bondade é uma liturgia do ordinário.
8. A infância é um templo que carregamos por dentro.
9. O cuidado é mais puro que qualquer dogma.
10. A simplicidade contém o infinito.
11. A beleza mora no imperfeito.
12. Celebrar o hoje é rito suficiente.
13. E nisso, tudo se torna sagrado.
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Capítulo 13 – Do Silêncio Final
1. Ao fim de tudo, resta o silêncio.
2. Não há julgamento, nem trono, nem trombeta — só quietude.
3. O universo continua sem pressa.
4. As estrelas não se apagam em nossa ausência.
5. O último suspiro é parte do ciclo.
6. Não há céu, nem inferno — apenas o cessar.
7. O silêncio não é vazio — é paz.
8. Cada fim é também reinício em outro corpo, em outra história.
9. Nossos átomos dançarão no cosmos outra vez.
10. Os que amamos continuarão por nós.
11. Nenhuma eternidade — apenas um agora bem vivido.
12. O silêncio é o ponto final — e também a página em branco.
13. E no silêncio... houve vida.
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🌒 E assim se encerra esse Evangelho segundo o Ateísmo — não como negação, mas como afirmação do humano, do finito e do maravilhosamente real.
FIM
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