Alguns dizem que esta história aconteceu numa cidade do Sul do Paraná outros no Norte de Santa Catarina. Ambos os governos estaduais negam o fato.
Neste local, no centro da cidade, morava um homem peculiar que todos conheciam como Otto. Descendente de europeus, ele era um exímio estudioso das palavras e, mais do que isso, tinha uma obsessão incomum por palíndromos. Sempre que falava, usava frases que tinham palavras que podiam ser lidas de trás para frente sem perder o sentido.
— Ana, veja! A lupa pula! — disse certa vez para sua vizinha, que já estava acostumada com suas excentricidades. Fora isso era um vizinho que não a incomodava, aliás era demasiadamente gentil e prestativo.
Até aí, tudo bem. Mas certo dia, Otto ficou famoso quando escreveu um poema, um código que ninguém conseguia decifrar impresso num enorme banner pendurado da parede da prefeitura.
"O Sonho de Ana
Roma me tem amor
E ela te ama.
Saudade, um oco sem fim.
Ovo novo,
Na asa do tempo que passa.
Luz, um anil que se anila
Sem som em meu quarto.
Ato que a gente faz,
E um arara em festa.
Seres vivos no amanhecer.
Um osado lado,
Que luz azul reflete.
Socos na vida,
Ou salas que se abrem.
Rir é bom, e um reviver.
Ana, a fada,
Diz: "Acorda, Zé!"
E a musa me chama.
Na rota do dia,
Um novo amor que vive.
Autor Otto"
A cidade inteira parou para tentar entender o que aquilo significava. Genialidade? Loucura? Seria um pedido de ajuda? Um relato misterioso? Uma provocação à capacidade intelectual dos habitantes da cidade? Muitas dúvidas e poucas certezas.
Devido a repercussão nas mídias sociais locais e até nas redes de TV do estado, o prefeito aproveitando a propaganda inesperada, mas gratuita de fazer a cidade mais famosa e aumentar o turismo e aumento de vendas no comércio local, convocou um linguista, e até um matemático se envolveu na análise. No entanto, nada fazia sentido.
Até que um garoto chamado Roberto mas era conhecido por Bob (óbvio, também um palíndromo!) um nerd conhecido pelo seu QI acima da média e viciado em literatura, percebeu o padrão:
— Gente, algumas palavras do poema dele podem ser lidas de trás para frente! Esse Otto só quer nos testar! Estamos vendo exemplos de palíndromos!
Era verdade. Otto riu e revelou que tudo aquilo não passava de um jogo mental! Ele queria mostrar como a linguagem era fascinante e cheia de surpresas.
Desde então, todo 02/02 (data palindrômica!) a cidade celebra o Dia do Palíndromo, onde as pessoas se comunicam apenas com frases reversíveis e recebe muitos turistas e visitantes curiosos.
E assim, Otto seguiu sua vida, deixando um legado eterno na cidade que alguns dizem que foi no Norte de Santa Catarina e outros no Sul do Paraná... Isso pouco importa mas qualquer Ana ficaria facinada pela poesia bacana de Otto...
#FIM#
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