As Sombras do Véu Cósmico


Durante séculos, os humanos viveram acorrentados dentro de uma gigantesca caverna holográfica, sem saber. Não era uma caverna de pedra, mas uma projeção quadridimensional mantida por entidades alienígenas chamadas Nociferitas, que dominavam a arte de manipular percepção e tempo. Elas não conquistaram pela força — mas pela narrativa.

Assim como Platão descreveu na antiga lenda, os prisioneiros da caverna enxergavam apenas sombras projetadas em uma parede. Mas nesta nova versão, as sombras eram algoritmos, crenças e doutrinas cuidadosamente programadas para manter a humanidade hipnotizada. Os humanos acreditavam que aquilo era a realidade — o sofrimento, as guerras santas, os conceitos de bem e mal. Tudo fazia parte do espetáculo.

Foi quando Neo, o Escolhido, despertou. Mas ao sair da Matrix, ele não encontrou apenas um mundo devastado por máquinas — descobriu que aquela realidade ainda era mais uma camada da ilusão. Fora da Matrix, havia o Círculo dos Quatro Infernos: Tartarus (grego), Naraka (indiano), Gehenna (judaico) e o inferno cristão. Quatro torres etéreas que ancoravam a ilusão no plano espiritual, alimentadas por medo, culpa e fé cega.

Os Nociferitas, antigos colecionadores de energia psíquica, haviam feito pactos silenciosos com as mais poderosas instituições religiosas da Terra. Em troca da manutenção da ilusão, as igrejas recebiam poder, prestígio e “luz divina” — que nada mais era do que dados manipulados. Cada sermão, cada pregação do juízo eterno, reforçava o sistema como as injeções de código nos cérebros conectados.

Mas nem todos os cientistas aceitaram esse mundo. Um grupo de gnósticos ateus — os Lumen Arcanum — descobriram fractais impossíveis em textos sagrados, indícios de simulação nos neutrinos e equações que murmuravam algo em código binário. Eles disseram: "O mundo é Maya — ilusão. E o Demiurgo alienígena se esconde por trás de cada milagre mal explicado."

A guerra silenciosa começou ali. De um lado, os devotos programados para crer no Inferno como punição eterna. Do outro, os despertos, lutando para provar que tudo, até mesmo o conceito de maldição divina, era um ciclo de controle repetido há milênios.

No fim, um novo prisioneiro se levanta. Seus olhos ainda veem sombras, mas seu coração pulsa com uma pergunta: E se eu estiver olhando para trás, enquanto a saída está na direção contrária.

De repente, novas visões ocorrem com o narrador deste conto...

1. Neo Veritas – O Desperto em Todas as Camadas  

Depois de escapar da Matrix, Neo descobre que sua função vai além da libertação cibernética. Ele se torna um alquimista da percepção, capaz de atravessar camadas dimensionais. Munido de uma consciência transreal, é perseguido pelas forças religiosas e alienígenas que querem restaurar o véu ilusório. Seu dilema: destruir a ilusão e mergulhar a humanidade no caos... ou aprimorar a ilusão para torná-la libertadora?

2. Arkanon, o Arquivista Nociferita – Guardião das Tramas da Realidade

Um alienígena que manipula as estruturas das crenças humanas. Arkanon não é mau — ele acredita que a ilusão protege os humanos de uma verdade inaceitável: o vazio absoluto. Ele administra alianças com instituições religiosas, oferecendo visões, milagres e escrituras como código simbólico.

3. Sœur Margarete – A Guardiã da Fé Vigiada  

Líder de uma ordem secreta dentro do Vaticano, Margarete conhece a verdade, mas acredita que a ilusão do inferno é necessária para salvar almas. Ela é carismática e temida, e esconde em seu crucifixo um cristal que amplifica as ondas mentais enviadas pelos Nociferitas.

4. Dr. Yanis Prakash – Cientista Gnóstico  

Físico e escritor de tratados proibidos, Prakash lidera os Lumen Arcanum, grupo que desvenda os erros do código universal. Ele acredita que todos os infernos são símbolos de ciclos internos do inconsciente coletivo. Busca criar uma tecnologia que possa "descompilar" o universo simulado.

5. Nyra – A Guardiã do Ciclo dos Quatro Infernos  

Entidade ambígua que cruza as mitologias. Sua forma muda entre deusa hindu, demônio judaico, espírito cristão e espectro grego. Ela é simultaneamente carcereira e libertadora. Protege os portais dos infernos, mas oferece enigmas àqueles que buscam escapar. Fala apenas em sonhos.

Num piscar de milésimos de segundo;  o escritor deste conto vislumbrou novos conflitos entre esses personagens:

1. Neo Veritas vs. Arkanon
Conflito: A Verdade Total vs. A Ilusão Protetora  

Neo acredita que libertar a humanidade da ilusão é um ato de compaixão. Arkanon, por outro lado, vê isso como um genocídio espiritual — a destruição do que dá sentido às pessoas. Eles se enfrentam não com armas, mas com argumentos e manipulação da percepção coletiva. Um tenta hackear sonhos, o outro planta visões milagrosas.

2. Dr. Yanis Prakash vs. Sœur Margarete
Conflito: Ciência Despertadora vs. Fé Programada  

Prakash desvela a simulação através de fórmulas e artefatos quânticos. Margarete, conhecedora da verdade, prefere mantê-la sob segredo em nome da "salvação". Ele quer liberar os códigos sagrados para todos; ela quer usá-los para fortalecer a fé e conter o caos. Suas batalhas ocorrem nas entrelinhas de documentos milenares, ocultos em bibliotecas proibidas.

3. Neo Veritas vs. Nyra

Conflito: A Libertação da Dor vs. O Enigma do Sofrimento  
Neo tenta destruir os portais dos Infernos, acreditando que eles aprisionam a alma. Nyra o desafia com dilemas filosóficos: “Sem dor, não há despertar. Sem inferno, não há escolha.” A relação deles é ambígua — ora duelam, ora dançam enigmas em sonhos vívidos.

4. Arkanon vs. Dr. Yanis Prakash
Conflito: O Construtor vs. O Desmontador  

Arkanon trata o universo como um sistema operacional espiritual. Prakash vê isso como uma prisão simbólica. Enquanto Arkanon fortalece o código com rituais e parábolas divinas, Prakash recria versões hackeadas do mundo em simulações paralelas. Ambos disputam o “Coração da Caverna” — um núcleo quântico que define a realidade base.

5. Nyra vs. Sœur Margarete
Conflito: A Alma Mítica vs. A Guardiã da Ordem  

Nyra representa o caos arquetípico das religiões antigas. Margarete, a rigidez e disciplina de uma fé institucionalizada. Quando se encontram, o tempo para. As duas têm o poder de inverter crenças com um sussurro. Uma quer abrir os portais; a outra, selá-los com orações codificadas.

A verdade é revelada...

Na penumbra de seu quarto, apenas o som da chuva batendo ritmicamente contra a janela parecia ter alguma consistência. Alex Sandro Alves despertou com os olhos ainda pesados, o coração acelerado e a estranha sensação de ter vivido mil vidas em questão de minutos.

Levantou-se devagar, coçando a cabeça, e riu sozinho.

Era apenas um sonho. Ou talvez o rascunho de um sonho — uma ideia selvagem cruzando mitologia antiga, religião institucional e ficção científica conspiratória.

Neo evVeritas, Nyra e Arkanon… todos personagens que sua mente havia. Sidp tecido enquanto buscava algo interessante para escrever num domingo cinzento e chuviscado de junho de 2025. Um daqueles dias em que o tempo parece suspenso e o mundo conspira para que você se perca na própria imaginação.

Alex caminhou até sua escrivaninha, abriu um bloco de papéis reciclados envelhecidos e escreveu:

> “E se toda a realidade não passasse de um código em forma de fé?  
> E se a ilusão fosse o único refúgio contra a indiferença do cosmos?”

Sorriu. Talvez não fosse apenas um conto. Talvez fosse o começo de uma jornada que já morava dentro dele, esperando por um domingo nublado para nascer.

E então, enquanto a chuva sussurrava segredos antigos do outro lado do vidro, ele começou a escreve...

Fim?

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